CONTATO

 

 

maieutica

e-mail: maristersalmoria@gmail.com

3 Respostas para “CONTATO

  1. Marister,

    Vi a tua página e gostei muito, contudo há uma questão sobre a qual gostaria de trocar uma idéias com vc.

    Em 2009, durante um congresso nos Estados Unidos, travei conhecimento com um neuropsiquiatra David Servan-Schreiber, foi um periodo muito interesante e produtivo, pois o Dr. David, infelizmente já falecido, estava envolvido com um tema sobre o qual havia escrito alguns livros e, segundo as suas concepções, diversos casos de transtornos emocionais,que até então vinham sendo tratados de maneira convencional, poderiam responder perfeitamente a tratamentos sem medicamentos psicotrópicos ou psicocoterapias, ele num grupo privado de médicos, chegou à comentar que após os seus estudos, a psicanálise já era…

    Confesso que achei um tanto ousadas e com excesso de entusiasmo as suas concepções sobre os distúrbios emocionais, os casos que foram apresentados, não me pareceram muito convincentes para anular as propostas terapeuticas até então praticadas. Bem, mas como todo tratamento novo, precisa sobreviver à prática clínica e essa, se mostrou à longo prazo, pouco promissora, ou seja, voltamos à vaca fria…

    Agora deparo com essa tentativa de simplificação de um dos seus conceitos, ou seja ” a coerencia cardiaca ” e vejo que um fisioterapeuta, até desenvolveu ou copiou um programa de computador, que supostamente controlaria através do velho Biofeedback ( descrito em 1910 por Ivan Petrovich Pavlov), uma gama de doenças graves contra as quais como médicos,já lutamos com certa dificuldade à vários anos.

    Simples assim…” basta usar o cardioEmotion® para que você possa conquistar o tão sonhado equilíbrio emocional de uma forma simples, utilizando apenas um computador! ” Ainda é prometido – ” O cardioEmotion® Home também pode auxiliar na redução da pressão alta, do colesterol, da depressão, do déficit de atenção, da hiperatividade, insônia, transtorno de aprendizagem, além do controle da resistência à insulina, pois, em grande parte dos casos, esses desequilíbrios são gerados pelo alto grau de ansiedade e estresse do dia a dia.” , ou seja um verdadeiro milagre…

    Marister, tanto vc como eu, sabemos que as coisas não são tão simples assim, e cuidar do ser humano, exige muito mais do que simplesmente pesquisa em laboratório, o próprio Dr, David, não foi tão ousado assim,pois apesar de lembrar o nosso famoso Alair Ribeiro, com as suas curas miraculosas que se tornaram públicas e notórias, através do simples ato de beber água.

    Pois bem, pelo menos, o autor americano não preconizava apenas ” a coerencia cardiaca “, ele foi mais amplo nas suas teorias, certamente para ter mais chance de acertar, foi mais longe.

    A partir de suas premissas, ele montou suas bases em uma medicina integral (mind and body medicine)- a nossa medicina holistica – composta por sete passos regeneradores: 1 – coerência cardíaca, 2- ajuste do relógio biológico,3 – nutrição balanceada, 4 – atividade física, 5- relações afetivas, 6 – hipnose com movimento rítmico dos olhos ( Isso ele deu até um nome pomposo) e 7 – acupuntura. Segundo ele, métodos naturais, alguns conhecidos há muito tempo, mas pela primeira vez comprovados em sua eficácia.

    Isso infelizmente, só sobreviveu durante uns 4 anos, pois logo após o seu falecimento em 2011, essas teorias comecaram a ser abandonadas e os seus livros, embora ainda com alguma utilidade, foram parar nos sebos literários.

    Rogerio Figueiredo – rogfig@gmail.com.
    Rio de Janeiro.

    • Boa tarde, dr Rogério
      Grata por visitar meu blog.

      É com prazer que compartilho idéias sobre o assunto.
      Não acolho uma nova concepção sem antes ficar ao menos em parte convicta de que o assunto merece um certo aprofundamento. Mesmo assim, penso que nem sempre um novo paradigma necessariamente anula as propostas terapêuticas convencionais.
      Quanto ao biofeedback: Como já deve ter visto, participei durante um ano de um grupo de estudos na USP dirigido pelo prof. Marco Fabio Coghi, que é professor do curso pós-graduação da UNICID, do curso de Gerenciamento de Stress do ISMA, fisioterapeuta e químico, pesquisador, congressista internacional e palestrante.
      Na verdade, nesse grupo pouco se falava do Cardio Emotion enquanto produto. Estudamos basicamente os fundamentos do HRV (VFC) por biofeedback, a auto-regulação autonômica, o impacto do HVR na saúde psicossomática e os resultados das diversas pesquisas sobre biofeedback.
      Certamente o prof Marco bebeu das águas do dr. David Servan-Schreiber. Um dos livros da bibliografia de estudo é justamente dele. Não vejo o prof. Marco “simplificando suas teorias”, já tão simplificadas, uma vez que o próprio dr David afirma em seu livro: “(…)programas de computador que medem a coerência do ritmo cardíaco são usados para pesquisar o sistema coração-cérebro, mas também para demonstrar a quem duvide que o coração de uma pessoa reage instantaneamente ao estado emocional. No entanto, é perfeitamente possível criar coerência em si sem um computador e sentir seus benefícios imediatos no dia a dia.”
      Compartilho sua opinião de que cuidar do ser humano não é tão simples assim. O que difere é o que entendemos por simplicidade. Acho muito mais simples a terapia farmacológica praticada pelos médicos que também garante efeitos imediatos. Já a proposta do biofeedback é, através de um treinamento de um determinado padrão respiratório, no mínimo 20 minutos, por pelo menos três vezes por semana, garantir resultados imediatos, num primeiro momento, e efetivos num período de três a quatro meses. Não são todos os pacientes que possuem perfil para aderir a um tratamento que exige tanta disciplina. De verdade, acho mais complexo do que tomar um antidepressivo via oral, uma ou duas vezes por dia, conforme indicação médica.
      Infelizmente grande parte dos pacientes comparecem à clínica psicológica com diagnósticos de ansiedade, depressão, síndrome do pânico, em busca de um milagre que as façam controlar os sintomas em poucas sessões, sem medicamentos. Dá trabalho explicar a necessidade de se estabelecer um controle do cérebro também a nível químico e, portanto, para uma resposta efetiva, o tratamento médico não pode ser descartado, até mesmo para que o paciente possa responder à terapia psicanalítica de maneira mais eficaz e abordar a raiz dos problemas psíquicos, que exige mais tempo. Meu argumento é sempre: “Você conseguiria fazer uma cirurgia sem anestesia? A ‘cirurgia emocional’ também necessita de um ‘anestésico’ pelo menos por um tempo, o tempo que seu médico determinar”. Com esse argumento metafórico consigo adesões ao tratamento proposto pelos psiquiatras e/ou neurologistas.
      Particularmente gosto muito de agregar novos conhecimentos, porém ainda sou pouco ousada ao colocá-los em prática (com exceção da acupuntura, que não está associada à minha prática psicoterapêutica). Do curso de hipnose que fiz, utilizo o relaxamento progressivo para acessar de maneira um pouco mais profunda o inconsciente. Do biofeedback, ensino o treinamento respiratório aos pacientes mais disciplinados como uma terapêutica opcional (coadjuvante, obviamente) não com a rigidez que é proposto, porém com bons resultados.
      Um adendo: penso que o sr está equivocado qto aos livros do dr David Servan-Schreiber. Seu livro “Curar o Stress, a ansiedade e a depressão sem medicamento nem psicanálise” já está em sua 29ª edição, e o adquiri o ano passado durante o grupo de estudos. Já vi pacientes, que inclusive, conhecem o tal livro sem mesmo que eu o tenha citado.
      Quanto às técnicas que Dr David sugere no livro de maneira complementar, as chamadas “holísticas” (agora denominadas Integrativas) estão em pleno vapor. Em 2006, o próprio Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) que autorizou terapias alternativas no SUS. A UNIFESP e o INCOR realizaram estudos sobre os efeitos do reiki em seus pacientes com resultados bem interessantes. Assim, até mesmo a medicina tradicional, que muitos chamam de “cartesiana”, já está se rendendo à necessidade de um atendimento onde o paciente é visto em todas as suas dimensões. Sei disso porque participo de simpósios e palestras no departamento de Neurologia da UNIFESP, aqui em SP, sobre práticas integrativas. Atualmente faço um curso de extensão de Antroposofia e Psicologia nessa mesma Universidade, no Núcleo de Medicina e práticas Integrativas (NUMEPI), ministrada por um psicólogo e um médico, com a participação de psicólogos e médicos.
      Há um nítido avanço da importância de técnicas de saúde que leve em conta a visão e compreensão integrada do ser humano – corpo, mente e espírito. Esse é o milagre que acredito.

      Prezado dr Rogério, é sempre um prazer trocar idéias com profissionais sérios.
      Grata imensamente pela participação.

      Marister Salmoria

  2. Rogerio Figueiredo

    Boa noite Marister,

    Obrigado pela resposta e pelos esclarecimentos, pois na verdade, não pratico a psiquiatria a nível de atendimento aos pacientes, pois a minha especialidade é otorrinolaringologia, mas sempre me interessei por terapias que pudessem complementar e até mesmo preencher as lacunas que encontro no tratamento médico convencional.

    Foi à convite de um laboratório farmaceutico, que compareci à um congresso no qual o Dr. David se apresentou como palestrante.

    Tratando-se de uma pessoa dotada de uma personalidade marcante, e com conhecimentos de alto nível, logo envolveu o auditório num clima de esperança, que deixou marca registrada nos profissionais presentes. A palestra que deveria durar 40 minutos, acabou se esticando noite afora.

    Evidente que como otorrino, tinha desejo de aproveitar os seus ensinamentos em benefício de minha clientela e isso, realmente de alguma forma ocorreu e vem ocorrendo, só não posso te dizer que tenho tido pleno exito porque em se tratando de seres humanos, nunca espero de qualquer terapia, por mais recomendada que seja, uma melhora totalmente eficaz e duradoura. Por formação acadêmica, além de clínico, sou cirurgião e, como tal tenho acreditado que a prática cirúrgica, quando bem indicada e executada, oferece resultados superiores ao tratamento clinico simplesmente.

    Bem, mas o que tem isso a ver com o cardioEmotion® do prof. Marco Fabio Coghi ? é o seguinte: não o conheço pessoalmente, apenas tomei conhecimento da sua atuação na coerencia cardiaca através de entrevistas divulgadas pelo youtube e, como já vinha pensando nesse assunto desde o tempo do Dr. David, resolvi conhecer o tal programa cardioEmotion desenvolvido pela Neuropsicotronics (NPT), à qual o Prof. Marco dá o respaldo científico, e foi exatamente nessa página
    (http://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2013/09/16/interna_tecnologia,449332/cardioemotion-mede-as-respostas-do-coracao-por-meio-da-frequencia-cardiaca.shtml) , que encontrei algumas afirmações contra as quais me coloco frontalmente, da forma como está alí divulgado.

    Pela maneira de apresentação, mesmo entendendo que se trata de puro Marketing, temo que algumas pessoas possam ser induzidas a êrro, e adquirir um produto para uma finalidade diversa, mesmo o texto informando que o produto não é considerado um produto médico, tudo mais faz crer o contrário.
    Desculpe Marister, mas não consigo aceitar isso como uma forma normal de divulgar um produto que o próprio pesquisador faz crer que o seu produto é uma panacéia.
    Isso sem entrar no mérito das afirmações sobre o cortisol, que foi ali colocado puramente como o hormônio do estresse e, ainda mais absurdas as alusões a síndrome de Burnout.

    Gostaria ainda, de entrar no âmbito farmacológico para questionar os resultados obtidos com o cardioEmotion: o que dizer dos pacientes que fazem uso terapeutico continuado de um medicamento betabloqueador ?

    Como o nome indica, todos os bloqueadores beta são bloqueadores dos receptores β-adrenérgicos, parte do sistema nervoso simpático. A sua estrutura molecular é semelhante à das catecolaminas endógenas (epinefrina e norepinefrina), competindo com elas a nível dos receptores. A sua ação é assim uma inibição por competição e depende da razão entre as concentrações betabloqueador/catecolamina. Este bloqueio simpático provoca uma diminuição da contractilidade e da velocidade contração cardíacas, diminuição da frequência cardíaca, sobretudo no esforço ou ansiedade. Então, o uso desses medicamentos seriam considerados agentes de coerencia cardiaca, e os seus usuários estariam imunes às doenças induzidas por interferencias no seu ritmo cardiaco ?

    Evidente que as coisas não se passam dessa forma e acho que essa questão do ” produto ” deveria ser amplamente abordada nas reuniões com o prof. Marco, inclusive sob à ótica de questionamento propriamente dito.

    O objetivo do Dr. David, na essência dos seus argumentos, era realmente abolir totalmente a medicação psicotrópica, mesmo aquela com finalidade de anestesia emocional, que eu chamo ” baixar o limiar para condicionamento terapeutico” , e além disso, atacava ferozmente qualquer tipo de terapia psicanalítica. Então, pelo que pude constatar, a sua proposta clínica é bem marcante, ou se usa a farmacologia ou armas naturais, ele não admitia ambiguidade.

    Por isso, embora tenha conhecimento da vigésima nona para uns e trigésima, para outros, edição do seu livro( que também já lí ) disse que algumas edições já foram jogadas no sebo literário, e fiz de propósito essa afirmação, pois é assim que algumas pessoas que por não terem entendido a mensagem contida na obra do Dr. David, fizeram.

    Essa questão do Ministério da Saúde, a meu ver, por tanto tempo ter pertencido aos quadros do SUS, é puramente política e tem natureza ideológica, com objetivo demagógico e sem parceria com os pacientes ou profissionais de saúde, é apenas uma questão de tentar tratar as patologias humanas sob uma ótica mais economica, nada mais.

    Bem, adorei ter tido oportunidade de trocar idéias e participado do teu blog e, sobretudo ter constatado que ambos partilhamos do mesmo milagre.

    Abraços e Muita Paz.

    Rogerio Figueiredo.

Deixe um comentário